terça-feira, 20 de agosto de 2013

REFLEXÕES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NAS CIÊNCIAS NATURAIS: LEITURAS DAS AVALIAÇÕES NACIONAIS COMO SUBSÍDIOS DA EDUCAÇÃO
Coordenação: Irlan von Linsingen
INTRODUÇÃO
Frequentemente tem sido destacada, por pesquisadores da área de educação, a importância de se realizar pesquisas vinculadas a contextos de ensino. Nos últimos anos, tem havido iniciativas com o objetivo de sanar esse vácuo entre escola e universidade por parte das políticas públicas federais, através de inúmeros editais lançados com financiamentos advindos da CAPES. Essas iniciativas têm possibilitado articulações entre a educação básica e universidade com impactos positivos. No que tange aos sistemas nacionais de avaliação, Sabemos que há na literatura várias críticas sobre as avaliações nacionais, apontando as limitações nos instrumentos, para compreender o desempenho dos alunos e sugerindo a necessidade de se aprofundar estas percepções advindas dos resultados de pesquisas etnográficas. Baseados na carência da literatura da área de educação em ciências, buscamos estabelecer relações entre os sistemas avaliativos e a própria prática cotidiana do professor em sala de aula, focando o ENEM e o PISA (Processo OBEDUC n.3303, 2008, Barros etal, 2009; Cunha, Simas, 2012). Nosso trabalho se pautou em ultrapassar a ideia das avaliações como meros instrumentos de acesso à educação superior. As avaliações eram trabalhadas como espaços de aprendizagem, a partir das quais, construíamos diferentes formas de intervenção pedagógica sobre ciências e linguagem. Os professores da educação básica que compunham esta equipe, além de trazerem ricas experiências docentes, participaram de reflexões teóricas acerca do ENEM e PISA e realizam intervenções em suas escolas, inclusive algumas documentadas em pesquisas de pós-graduação. Em estreita parceria com esses professores, pretendemos neste próximo passo realizar intervenções em escolas com baixo IDEB, considerando, por ex,o índice de 4,6% alcançado pelo município em 2011, incluindo essas experiências com graduandos da licenciatura. Essas intervenções estão em consonância com as produções do grupo, quais sejam: leitura e escrita, construção e leitura de vídeos por estudantes e professores, formação de professores. Destacamos
JUSTIFICATIVA DO PROJETO
Em 2010, a EEB Laura Lima/Florianópolis, foi a 3a colocada na capital, no ranking do ENEM de escolas públicas estaduais. A professora responsável pelo projeto de leitura nessa escola era bolsista do Observatório e utilizou-se de metodologias decorrentes de discussões e planejamentos propiciados pelo Projeto. É importante destacar que estas metodologias visavam a não perpetuar perspectivas de treinamento, como aquelas utilizadas por cursos pré-vestibulares e, neste sentido, foi possível percebermos relações entre as propostas e resultados positivos no ENEM. Temos a intenção de dar continuidade a estas discussões, rompendo com modelos tradicionais de educação e superando uma “visão aplicacionista”, de que tanto os estudantes em fase de estágio supervisionado, quanto os professores em atuação nas escolas, devem aplicar conhecimentos da academia na prática pedagógica. Além disso, não adotaremos um “discurso prescritivo”, no qual as universidades dizem como os professores e as escolas devem ser ou fazer. Para tanto, o trabalho privilegiará o aprofundamento de questões relacionadas ao funcionamento dos discursos em salas de aula e nos discursos da/sobre ciência e tecnologia que perpassam os contextos formais de ensino, face aos entendimentos das relações entre ciência, tecnologia e sociedade (CASSIANI & LINSINGEN, 2010; CASSIANI; LINSINGEN & GIRALDI, 2008). Este trabalho que possui pelo menos três vertentes, sejam elas, linguagem e seu funcionamento, as relações entre ciência, tecnologia e sociedade, bem como a apropriação dos fundamentos que regem os exames nacionais, pelos professores da educação básica e dos estudantes de graduação. Partimos do pressuposto teórico de que a linguagem não é transparente e que os sentidos possuem uma história. Ao dizer, podemos provocar diferentes gestos de interpretação em nossos interlocutores, sujeitos ativos no processo de construção de sentidos. Sob essa ótica, visando estabelecer relações menos ingênuas e menos naturalizadas sobre a linguagem, nosso olhar se volta principalmente para a leitura, escrita e utilização de vídeos em espaços formais de ensino, visando à apropriação dos saberes por parte dos professores e da licenciatura e também de professores das escolas. Esses aspectos serão extremamente importantes para que os participantes possam dar continuidade e se sentirem autores do processo.